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Edmond Jabès


1
 

Das florestas de Blake aos topos da Ásia
quem, da confusão entre chão e carne
com seu púbis, seu discurso e chamas, QUEM
DEFENDE TEU ROSTO DESTE SUDÁRIO INFERNAL?

Teu nome é Não em cio e som farpados
sinuoso grafito gravado no muro
mudo, contra o tempo         Arfa
noturno, o olho do astro na memória

Este é o meu céu: numa bandeira turva
Incendeia seus últimos signos
Te insinua às sombras (que estão nos antros

e subsistem ao gráfico parêntesis:
Flechas ferindo-se no espelho. Reflexos
              Dança indefinida


2
                                  

                       E nós dois, dois
fálus críticos, acariciando esta cripta
que doura em sentidos, caverna
de grades negras, selva
de pura escrita, rubrica indecifrada:

                        (poesia)

teu nome é Não em cio e som farpados
cilício escrito, escrita ardendo (dentro,
se revendo), fera
do silêncio úmido, se lambendo, lábil
labiríntima                                    E esta língua
de pura estria ávida se desfraldando
                                                       lâmina
e se ferindo, se punindo:



6

                                  

Já não há mais sonhos Lá     e amamos rastros
gastos no asfalto onde se arrasta a asa, resto
pútrido de um vôo que exalto e cito, excita-me
contra a parede e ex'ala a vício
                                               fala entre parêntesis
            (Negro,
                        negro pêlo caligráfico
que recobre selvagem o sexo escrito,
sinuoso grafito gravado no muro:

               O SONHO ACABOU

O carro-olho velocíssimo. Os girassóis
lançando-se obscenos aos fachos de luz,
faro luminoso. Na estrada. Seguimos)

10
                                  

Sob a folhagem
a lua de lábios, as facas interditas
o subazul olhar de Lícia M. atravessando-me

Sob a folhagem
      agora as cinzas pânicas se enrubescem
num sonho de palavras flagelando-se

Sob a folhagem
(profusão de letras?) rumoreja o nevo
fendido, o obscuro. Quem fala?

quem, da confusão entre chão e carne
- que cova ou boca sinistra conclama o nervo
sob a folhagem?