Uma
mulher. Ela está sentada no centro de um
cercadinho do tipo utilizado em lojas de animais
para isolar filhotes. Vestida com roupas que facilitam
o movimento (malha de ginástica), respira,
em estado de imanência. Respira antes de iniciar
seu movimento. Gestos lentos, mínimos propôem
alongamento; práticas orientais como yôga
e tai chi ou ainda exercícios utilizados
para evitar males contemporâneos como a LER.
O
cercadinho a separa dos outros. Divisão minúscula
aponta o isolamento mais do que propriamente impede
a sua transposição por parte do outro.
Aquele é seu território, onde, entre
intervalos de respiração, movimentos
mínimos são desenvolvidos.
O
corpo busca constituir suas estratégias de
sobrevivência/ manutenção a
despeito do espaço esquadrinhado para sua
manifestação. O corpo, colocado no
centro da performance, articula-se em movimentos
que não se constituem em processos de encenação,
mas em dinâmicas cujo princípio e fim
se encontra no próprio corpo e não
em projeções ou imagens estabelecidas
por corpos constituídos para e pela mídia.
Aqui,
então, o corpo estabelece um duelo entre
ele e suas possibilidades limitadas pela cerca (que
pode ser encarada como imagem) e as próprias
imagens de corpo e suas necessidades propagadas
pela mídia. |