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permanência:
a voz avulsa
espalhada pela casa
– palavra
na armadura da caligrafia –
combatendo o silêncio
lâminas
ali
adormecidas sobre a mobília
um pó sobre o pó
hera que se derramou
pelos cômodos
buscando so sol dos diálogos
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celina deitada na tarde
( ressuscitada )
imagino-a outrora desfalecida
no colo
da tarde:
pietá na capela do dia
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do lado errado do mundo
acontece o poema
cidade erguida de cabeça para baixo
sustenta-se num charco
seu archote deve vencer o sol
ultrapassar a retina
oferece a mão furtiva
a engrenagem
torta
da
máquina do mundo
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espreito
o relógio
guardado
soterrado pela
poeira que ele sopra(va)
rei deposto
de seu trono
mas
ainda
respira
pulsa em ponteiros
o coração eterno
de quem não perde a majestade
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pe
da
ço
s
de
na
da
com
um
mu
n
do
den
tro
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tudo ainda era horizonte
uma possibilidade estirada
uma paisagem de olhos fechados
e uma ferida acesa
sangrando ocaso
secava a mágoa
que o mirava
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o vento sopra com raiva
o oceano guardado
em teus cabelos
a lembrança traz a amizade
e
desembrulhada em frente à baía
ilumina
o farol da tua saudade
vejo os barcos que
se desatam de cada fio
aportando o horizonte silencioso
– outrocontinente
habitado na geografia do lembrar –
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