Fenda
Varado de súbito
De estranha melancolia
E
de arguta voz e olhar
Neutro, eclipsado
O menino move-se
Ao estranho apelo
E movem-se também
Suas dilatas pupilas
Suas íntimas vigílias
E enigmáticas órbitas
E nesse instante
De transe inquieto
Dalgum sobressalto
Com seus pés pisando
Em profusão de palavras
Lírios e alpendres
O menino queda-se
Estatelado, no chão
De confuso chão
De comboio à espera
E o que era abismo
Fenda, labirinto
Fez-se um suave grito
Belo e não dissimulado.
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