Macaco

Do espelho ancestral me olhas
em caretas e curiosidade
como a perguntar pelas eras
em que eras eu

Semi-ereto, teu caminho
encontra meu destino recurvo

Em guinchos saúdas a razão
em seu caminho milenar
até a voz

Teus riscos no chão inauguram
as palavras com que te celebraria
mais tarde.

ostra inquieta
com / l / cha marinha
miragem-milagre
minuto maior
c / p / álida espera
exposta ao mundo
.
olhos notívagos
cabelos noturnos
corpo de noite
.
consenso
conselho
consolo

Anima/is

em penas
em pêlos
em pele
– plenos de si

cantos e escamas
cascos, carapaça e casulo
caudas

seda envoltos
vital invólucro
vôo & passo
uivos

patas irmãs das minhas mãos
em asas e nadadeiras

quebra-cabeças da natureza
misteriosa mistura
de cheiros e gritos e textura

universo inverso
de mim

Para sempre

Remeter ao vértice
ao pubiano vórtice incendiado
em alegóricas auroras
entranhadas na hora amortecida

Entre pêlos
..................sábios
.............................lábios

aludir segredos
diluir delírios

Sucumbir em vagas
em estridentes vagas ressoadas

como um bote
.

O que foi suor e seiva
nada
agora enrediça
.....................
o umbigo
sugando o sangue

O que foi semente surge
...................................
Ventre
tecendo a noite nos seios
luar em gotas

O que foi sede
saciado compassa a espera
nos meses sem mênstruos

O que foi só
agora é
soma
.

Aristóteles Guilliod de Miranda
guilliod@ufpa.br
tel 55 91 9986 1289