Quotidiano

Munido de quase nada
e quase imune a praga
do Não-Xamã, xamando
o Deus-Não que faz chover
pixe lio paraíso
 
passo
e palito, as carnes
do morticínio — dentes
caninos, incisivos
 
e sigo
velo, resvalo
o halo do teu nome
 
rugido
 
que me assombra e
ensina-me a
ouvir — olvidar
.
E

A tua tenda incendiada
O teu sapato rodeado de lacraias
As tuas núpcias com cadelas
sobre o musgo escarlate

é o que deixas o que levas
entre os astros e o desastre

lavrando
o fedor do inferno
ao redor da arte

.

Circe

Mandraca
Mandrágora
Sorvo a erva
.
oo
.
fidico olhar
coroado de veneno
entre a folhagem
.
estrela preta que me es
preita entre
aberta inter
.
roga o rubro
O escarlate
.

Musa

É no par de mãos
que sob escombros
trabalham o desprezo
que lhes tem o tempo
É na boca, onde pássaros
desovam em silêncio
É no olhos — queimando
É no corpo, estendido à intempérie
de desertos cobertos de sóis sujos

É
na carne — poesia — que tua angra
de granito
se inunda — Um navio com suas luzes
afundando em agua noturna
.
Recém hospedado na casa dos
trinta e poucos passos jardim
adentro
o poço
aqui
a fonte
ali
.
Aqui, água morta, um
ontem se afoga — totem
empurrado ao precipício
Ali, o há, jorra — falo
urinando para o infinito
.
Nisso
brumo-silencioso
 
vibra o
tigre, ronda
o jardim
.