Desse tempo, temos amores múltiplos
que ressoam como arrulhos de piedade.
O olhar vaga, vaza nas tardes
que devoram as amadas em silêncio vegetal.
Somos esta terra, trucidadas pelas moléstias,
enganada pelas madrastas de incenso na mão
a batucar tambores em sangue ardoroso
de enfeites, danças e velas coloridas, ilusão.
Esta manta negra, que cobre nosso corpo,
carrega o dorso dos dias inseguros.
Estes olhos ressecam, mas, não cegam.
Eles dilatam em instantes, insistem em esperanças.
Palpita esse coração insano
recolhe as vagas lembranças do passado sujo
desaba, retinindo aos ouvidos
um canto enigmático e tão quimeroso quanto o amor.
No rodopiar das canções balbuciadas em letras estranhas,
bailamos claussurados pela marola que afaga a foz.
Bebemos as coisas lindas pendente nos sonhos
com mãos enrugadas e crassas, acariciando a face incrédula.
Nosso passado infindo canibaliza deuses.
Assombra, como muros fixos, enlodacentos,
naquela cor escura, horrenda, de odor inexistente,
o que resta do incômodo amor.
Tatuemos com volúpia o ato de amar,
atingindo o instante que arde na transparência da tarde,
cicatrizando o fluxo derramadiço dos desejos.
Partiremos, com as mãos cerradas, a ver paisagens ilusórias.